Era uma vez um ser.
Um ser aprisionado por uma carcaça seca, velha, encarquilhada.
Era uma vez um ser ressequido, queimado pelo tempo.
A pele aprisiona-o, a carne queima-lhe os ossos.
Perante ti o corpo parece possuí-lo, confrontando-o com uma condição à qual está preso.
Era uma vez um ser, que tu não vês, mas que olha para ti como há muitos anos atrás, quando o rosto era de menina e o corpo não lhe pesava.
Um ser cheio de vida, enclausurado num corpo inerte, incapaz de se mover como em tempos idos.
Era uma vez um ser.
Um ser que o foi mas já o não é.