quarta-feira, 30 de março de 2011

Foi-se...



Foi-se...

Foi-se a vida, foi-se o tempo.

Foi-se o choro de criança.

Foi-se o olhar de inquietude,

Foi-se a pose de boudoir.

Foi-se a menina luxúria, mais a velha invejosa.

Foi-se a alcova molhada, mais o cheiro de amor.

Foi-se a mulher e os filhos, o marido e os chinelos.

Foi-se a preguiça de levantar e a preguiça de trabalhar,

Foi-se o passo apressado.

Foi-se o grito e o sorriso, mais o riso desbragado.

Foi-se a ira, mais a gula.

Foi-se a gaiola dourada, mais o barraco de lata.

Foi-se a avareza, a soberba, e o espelho luzidío.

Foi-se a mentira, a verdade e a língua mentirosa.

Foi-se o castelo e o sonho, mais o baralho de cartas.

Foi-se o cigarro na boca, a doença e a fobia.

Foi-se o medo de não voltar.

Foi-se...

Carla Faro Barros