Foi-se...
Foi-se a vida, foi-se o tempo.
Foi-se o choro de criança.
Foi-se o olhar de inquietude,
Foi-se a pose de boudoir.
Foi-se a menina luxúria, mais a velha invejosa.
Foi-se a alcova molhada, mais o cheiro de amor.
Foi-se a mulher e os filhos, o marido e os chinelos.
Foi-se a preguiça de levantar e a preguiça de trabalhar,
Foi-se o passo apressado.
Foi-se o grito e o sorriso, mais o riso desbragado.
Foi-se a ira, mais a gula.
Foi-se a gaiola dourada, mais o barraco de lata.
Foi-se a avareza, a soberba, e o espelho luzidío.
Foi-se a mentira, a verdade e a língua mentirosa.
Foi-se o castelo e o sonho, mais o baralho de cartas.
Foi-se o cigarro na boca, a doença e a fobia.
Foi-se o medo de não voltar.
Foi-se...
Carla Faro Barros
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